
A origem
Oi, fazia tempo que não escrevia. Deu pra sentir falta. Durante essa folga muitas pautas surgiram. Mas uma foi recurrente: a imensa capacidade que nós mulheres temos de nos dar, servir, auxiliar. A fonte desta capacidade é muito discutida. Uns dizem que é uma construção cultural, outros que é questão biológica.
Independente das opiniões e das discussões, se sobressai a realidade. E ela comprova o quanto somos, solicitas e dispostas a fazer os outros felizes. Não quero generalizar, mas egoísmo é um adjetivo masculino não por coincidência.
Mas o objetivo não é ficar endeusando esta característica do feminino, ao contrário quero falar contra ela.
Eu, particularmente, também tenho uma opinião sobre as origens desta caraterística. Creio que é basicamente biológica, evolutiva. No entanto, a cultura social a acentuou e a tornou desejável e imprescindível para quem nasce com o sexo feminino.
É meio como uma criança que vive em um ambiente de abuso de álcool desde a vida intra uterina ser exposta e incentivada à experimentar bebida alcoólica; já sabemos como vai acabar: mais um alcoólico. Assim, ao meu ver, ocorre conosco. Os altos níveis de progesterona, prolactina e ocitocina que nos tornam aptas à maternidade provocam essa tendência biológica para a doação e o meio cultural nos educa para ser e identifica como aquelas que “doam suas vidas pelos outros” e ainda bate palmas enchendo nosso dia a dia de reforços positivos sempre que somos “boazinhas” e “exemplares”.
A questão, de fato, não é a doação, mas a hiper valorização dela e a impossibilidade que muitas sentem de agir de forma diferente devido a isso.
Vejo um número imenso de mulheres sofrendo por se dar demais. Elas se dão até o esgotamento, até não sobrar mais nada. Então, tornam-se ressentidas, frustradas e amarguradas, sentem-se injustiçadas. A família não percebe o que está ocorrendo um tanto por insensibilidade e outro porque essas mulheres se mostram como a mulher maravilha(não precisam de ajuda, ajudam; não precisam ser servidas, servem; não precisam receber, dão). Um ciclo vicioso que leva à ruína as relações familiares.
Então, mulherada, vamos pedir e aceitar mais ajuda. Vamos cuidar de nossa saúde mental a todo tempo aprendendo a dizer não. Dizer não quando algo não nos convém, quando algo vai nos deixar no limite das forças. Dizer não pra tudo e todos que agem de forma imprópria conosco sejam eles pais, filhos, amores, patrões e colegas. Vamos dizer não para esse hábito nefasto de sempre agradar e nunca desagradar e se colocar em último lugar.
Calma, mundo, calma, o biológico garante nosso altruísmo. Mas não vamos permitir que o cultural nos engesse. Apenas vamos parar de pedir que sejam justos conosco; nos daremos a justiça devida. Deixaremos de ser reclamonas, dizendo como deveríamos ser tratadas e simplesmente nos traremos bem. Diremos bem-vinda és à autenticidade.
Quem ganha com isso? Todos. Quando deixamos de usar um disfarce permitimos que o outro também faça o mesmo. As relações se tornam mais verdadeiras e equilibradas. O coletivo se reinventa, abrindo espaço para as particularidades de cada um. E vamos acabar descobrindo que altruísmo também é um adjetivo masculino, vejam só.
amei o texto. Dizer não foi algo que demorei a aprender, mas consegui. abraços e continue escrevendo…bjss
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Parabéns amiga, adorei o post. Concordo contigo que dizer não faz muito bem. abraços
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Obrigada! Que bom que gostaste!!! Bjo
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Parabéns por essa conquista. Conseguir usar essa palavrinha tão pequena trás uma liberdade enorme. Bjo
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